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Foto do escritorKadu Sousa

Uma esquerda míope?

Atualizado: 3 de ago. de 2021

Iniciando com destaque para a polarização política nacional em 2013, as Jornadas de Junho foram uma série de mobilizações de massa ocorridas simultaneamente em mais de 500 cidades do Brasil no ano de 2013. Sendo o primeiro levante popular de proporções realmente nacionais no país, com a participação de milhões de pessoas, massivas mobilizações ocorreram por todo o ano em diversas cidades, tendo um novo ápice no mês de outubro.

Neste cenário o antipetismo ganhou forças e cresceu fortemente de 2014 a 2018, tornando-se o sentimento condutor de grande parte dos brasileiros. A divisão político-social no país tomou conta do debate político, o que forçou os eleitores a se posicionarem em um dos espectros, ganhando novos contornos com o passar dos anos.


Imersos na polarização política e tendo em vista que a palavra progressismo significa a propensão ou tendência ao progresso, processo evolutivo, futuro que ainda está por chegar, seriam os estudos (cases, trabalhos e discussões em grupo) produzidos durante um curso de pós-graduação, que busca ensinar técnicas para antecipar tendências e prever futuras possibilidades para os negócios, influenciados pelo posicionamento político-social dos participantes?


Claramente observado, o ambiente sociopolítico no Brasil e no mundo indicam uma enorme crescente dos vetores políticos de Direita e principalmente Extrema Direita, contudo, de forma empírica, não observamos o crescimento proporcional destes campos nos estudos acadêmicos apresentados, desta forma surge o estranhamento e o interesse por compreender como os alunos de tal curso se posicionam nas redes sociais e durante as aulas dentro do cenário político-social nacional.


Considerando as limitações técnicas deste estudo, prazo e profundidade, utilizo da dicotomia do debate político atual (Direita vs. Esquerda / Petismo vs. Bolsonarismo) para simplificar as possibilidades em duas variáveis.


Seguindo Jaime Nogueira Pinto (1987), ainda que se aceite a concepção que vincula a Esquerda à defesa da igualdade social, herdeira dos princípios socialistas, e a Direita à defesa do livre mercado capitalista.

Ele afirma que a DIREITA seria caracterizada por pontos tais como:


  • O pessimismo antropológico, antiutopismo, direito à diferença, propriedade, anti-economicismo, nacionalismo, organicismo e elitismo.

Já a ESQUERDA, por sua vez, seria marcada pelos seguintes pontos:


  • O otimismo antropológico, utopismo, racionalismo, linearismo evolutivo, igualitarismo, economicismo, internacionalismo, democratismo e humanitarismo.


Utilizo então técnicas de Cartografia Digital, uma abordagem teórico-metodológica que se dedica a estudar as relações de compartilhamentos, respostas, inscrições, comentários, favoritadas, curtidas, indicações na internet. Para tal, delimito então o campo inicial de pesquisa nas redes sociais dos alunos (LinkedIn, Facebook, Instagram e Twitter) e as gravações das aulas no Zoom onde buscarei os argumentos anteriormente citados.


Já num segundo momento, utilizei a pesquisa netnográfica, uma ferramenta metodológica capaz de proporcionar o acesso dos pesquisadores da área às caracterizações específicas da contemporaneidade, sobretudo a virtualidade, a desmaterialização e a digitalização de conteúdos, formas, relacionamentos, produtos etc. Com tal ferramenta buscarei os mesmos argumentos em conversa online (dentro das mesmas redes sociais) onde trago o assunto sobre os testes de posicionamento político que são distribuídos pela internet. Apresento nas conversas o "Teste dos 8 Valores", um teste desenvolvido em comunidade (MIT - Massachussets Institute of Technology) que procura medir o ponto de vista político de uma pessoa de acordo com oito valores políticos centrais.


Para análise dos dados obtidos, desenvolvi uma metodologia de pontuação por cada aspecto identificado, utilizando os 8 valores apresentados pelo teste orientando entre Direita, Centro e Esquerda, anotei 1 ponto para cada valor reconhecido nas conversas e encontrados nas redes sociais.


Na cartografia digital, o Facebook aparece como a rede social com a maior quantidade e qualidade de informações disponíveis sobre a posição política dos alunos. Em segundo lugar, as participações nas aulas os alunos dão dicas de como se posicionam politicamente.


Já durante a pesquisa netnográfica, na qual falamos sobre o teste político dos 8 valores, a percepção geral é que fui muito bem recebido pelos alunos e todos concordaram com os resultados apresentados pelo teste político.


Das 19 pessoas abordadas por mensagens diretas e nas redes sociais, 16 pessoas responderam aceitando a participação na pesquisa.


Destes, 3 perfis não responderam 1 ou mais solicitações nas redes sociais. Sendo assim, consegui realizar a pesquisa com 13 alunos.


Fato curioso: encontrei algo que pode dar uma dica sobre a posição político-social nas mesmas 13 pessoas. Será que o seu interesse em participar da pesquisa vem do proeminente interesse pelo tema político?

A conclusão superficial da análise dos dados nos traz que 100% dos alunos se posicionam do Centro à Esquerda, sendo que todos os analisados de alguma forma se posicionam contra o Governo Federal e a Gestão da Pandemia de Codiv-19. Desta forma é possível supor que os estudos produzidos durante um curso de pós-graduação, que busca ensinar técnicas para antecipar tendências e prever futuras possibilidades para os negócios, a escolha de temas e cases apresentados é influenciada de alguma forma, ainda não identificada, pelo posicionamento político-social dos alunos.

Ao lado uma visualização da rede gerada pelo software Polinode através dos dados da pesquisa imputados.




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